Securitização de recebíveis: o que é e como pode ajudar a sua empresa?
A securitização de recebíveis é uma estratégia na qual uma empresa vende seus direitos creditórios a uma organização especializada nessa prática em troca de recursos financeiros.
Explicando de uma maneira mais simples, imagine que o seu negócio está com diversas ordens de cobranças emitidas contra clientes — por exemplo, crediários não pagos.
Ao invés de esperar até que esses títulos sejam quitados, você tem a opção de vendê-los a instituições que trabalham com securitização de recebíveis, as quais pagarão um valor um pouco abaixo do original.
Ainda que tenha essa pequena perda financeira, a vantagem desse processo fica por conta da liquidez imediata do título. Ou seja, do recebimento de uma quantia próxima da inicial, e em bem menos tempo.
Com isso, você tem a chance de utilizar esses valores em outros pontos que considerar importantes para o crescimento do seu negócio, tais como a aquisição de novas tecnologias, maquinários, capacitação de profissionais, entre outros.
Para quem compra esses títulos, o ganho é decorrente dos juros que serão cobrados diretamente dos devedores.
Achou essa possibilidade interessante? Considera que ela pode ajudar o seu negócio? Então continue a leitura deste artigo para conferir tudo sobre securitização de recebíveis.
O que é securitização de recebíveis?
Como dissemos logo na abertura deste artigo, securitização de recebíveis é uma prática na qual detentores de direitos creditórios vendem esses documentos a empresas especializadas nessa estratégia, em troca de liquidez imediata.
As securitizadoras, como são chamadas essas instituições, transformam esses documentos — que podem ser cheques, duplicatas, empréstimos, crediários, aluguéis, empréstimos, recebidos de cartões de crédito, entre outros — em títulos negociáveis no mercado de capitais.
Por conta disso, esse processo comumente engloba três membros, que são:
- cedente ou originador: que é o credor ou a empresa detentora dos valores a receber;
- securitizadora: instituição responsável por transformar os direitos creditórios em títulos que poderão ser negociados;
- investidor: pessoa física ou jurídica que comprará os títulos e, por sua vez, assumirá o risco do pagamento a ser realizado pelo devedor.
De forma prática, a securitizadora trabalha como uma intermediária nessa transação financeira, fazendo a transformação dos créditos em títulos negociáveis, bem como realizando a “ponte” entre cedente e investidor.
Já o investidor é uma pessoa ou empresa que aposta em investimentos de risco em busca de retorno financeiro. Isso acontece porque eles pagam ao cedente um valor bem próximo da dívida original e ganham em troca os juros provenientes da cobrança realizada.
Por estarem comprando dívidas, estão cientes da possibilidade de inadimplência. Por outro lado, se receberem os valores, a lucratividade tende a ser bastante significativa.
Dica de leitura: “O que é antecipação automática de recebíveis? Vale ou não a pena?”
O que são recebíveis?
Para deixar o conceito sobre o que é securitização de créditos financeiros mais claro, vale a pena detalharmos o que se entende por recebíveis, concorda?
Recebíveis são valores que uma pessoa física ou jurídica tem a receber, em data futura, decorrente de uma operação financeira que gerou ganhos.
Por exemplo, os recebíveis de uma pessoa física pode ser o pagamento do salário mensal após prestar serviços na empresa na qual é contratada.
Já os recebíveis de uma pessoa jurídica, comumente, são relacionados às vendas dos itens ou soluções que comercializa.
Eles também podem ser considerados “contas a receber”, já que o recebimento do valor, propriamente dito, acontece tempos depois da data da venda — assim como acontece com as vendas parceladas em diferentes meios de pagamento.
Com isso em mente, fica mais fácil entender o que significa fazer a securitização de recebíveis.
O que significa securitizar recebíveis?
Securitizar recebíveis significa converter ativos creditórios em títulos negociáveis em busca de liquidez imediata.
Em outras palavras, esse processo consiste na negociação de dívidas de clientes (a exemplo de empréstimos em aberto e boletos não pagos) com investidores e/ou empresas especializadas nesse trâmite, os quais estão dispostos a assumirem o risco de inadimplência em troca de rentabilidade.
Apenas para que você entenda a amplitude dessa prática do mercado financeiro, além dos boletos, cheques e parcelas de cartão de crédito que citamos logo na abertura deste artigo, existem diversos outros tipos de títulos que podem ser securitizados.
Alguns bons exemplos de securitização são:
- empréstimos bancários;
- empréstimos educacionais;
- empréstimos hipotecários;
- leasing;
- financiamento de veículos;
- financiamentos imobiliários;
- aluguéis em atraso, entre outros.
Como funciona o processo de securitizar recebíveis?
Como dito, para que o processo de securitizar recebíveis aconteça, é preciso o envolvimento de três agentes, que são o cedente ou originador, a securitizadora e o investidor.
A empresa interessada em securitizar seus recebíveis (o cedente) precisa procurar uma securitizadora para que essa transforme os direitos creditórios apresentados em títulos que podem ser negociados.
Uma vez feito isso, esses títulos são adquiridos por investidores, que passam a ser os responsáveis pela cobrança da dívida original. A rentabilidade do cedente é o pagamento feito pelo investidor pela dívida assumida.
É certo que esse valor tende a ser menor que o débito primário. No entanto, é uma forma de liquidez imediata, o que tende a ser bem mais vantajoso para a empresa do que ficar com essas dívidas em aberto ou esperando a data de pagamento.
O investidor, por sua vez, obtém lucro ao cobrar e receber essa dívida do titular, sob a qual haverá incidência de juros e multas pelo atraso do pagamento.
E a securitizadora, como funciona?
A securitizadora funciona como a empresa que recebe os direitos creditórios de outros negócios e os transforma em títulos para serem comprados pelos investidores.
Um dos seus principais papéis é atuar como uma ponte entre os dois agentes desse fluxo — ou seja, quem vende o crédito e quem o adquire para cobrança posterior. Também é por essa intermediação que os pagamentos são feitos aos vendedores dos títulos.
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Quais tipos de títulos securitizados existem?
As dívidas podem ser transformadas em diferentes títulos, sendo que os mais comuns para essa finalidade são:
- Certificado de Recebíveis;
- Certificado de Debêntures;
- Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios.
Certificado de Recebíveis
O Certificado de Recebíveis pode ser de dois tipos: imobiliário e agronegócio, destacando que ambos são de renda fixa.
O Certificado de Recebíveis Imobiliário, ou simplesmente CRI, recebe esse nome por ter relação com dívidas imobiliárias, tais como prestações de imóveis em aberto ou contratos de aluguel.
Já o Certificado de Recebíveis de Agronegócio (CRA), são os originários de dívidas rurais, tais como as geradas por cooperativas desse setor e produtores.
Certificado de Debêntures
O Certificado de Debêntures é outro tipo de investimento de renda fixa, com a diferença que ele é formado por títulos de diversas dívidas.
Uma das vantagens desse representativo de débito é que, caso uma das dívidas não seja quitada, há outras em sua composição que podem ser, reduzindo as chances de perdas financeiras para o seu detentor.
Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios
O Fundo de Investimentos em Direitos Creditórios, FIDC, consiste em um grupo de investidores que têm objetivos financeiros em comum.
A rentabilidade se dá pela solicitação de resgate da cota de direito de cada um, para a qual é pago o percentual estabelecido previamente, conforme contrato firmado no início dessa operação.
Quais as vantagens da securitização de créditos financeiros para a sua empresa?
Não são raras as vezes que uma companhia precisa de dinheiro para expandir, capital esse que pode ir além da sua reserva financeira ou quantia disponível em caixa.
Quando isso acontece, é comum os gestores pensarem em recorrer a empréstimos e/ou financiamentos para obter o valor necessário para colocar suas ideias de crescimento em prática.
O problema dessa escolha é que a obtenção de crédito junto a bancos ou financeiras sempre gera o pagamento de juros que, quando altos, podem comprometer o gerenciamento financeiro da empresa.
Então o que pode ser feito para ter o dinheiro necessário para investir no negócio sem que isso comprometa o seu fluxo de caixa ou ações futuras? Uma das opções é justamente a securitização de recebíveis.
Principais benefícios da securitização de créditos financeiros
Ao adotar essa prática, sua empresa tem liquidez imediata de papéis e transações que estavam parados aguardando o pagamento dos seus devedores. Ou seja, isso significa que você tem a garantia do recebimento desses valores, o que pode não acontecer naturalmente.
O que queremos dizer aqui é que, o processo contrário a esse, que é esperar o pagamento por parte dos devedores, é totalmente isento de qualquer certeza.
Dependendo da origem da dívida a sua empresa corre o risco de, infelizmente, ser vítima de inadimplência, decorrente do não recebimento desses valores.
Já na securitização de créditos financeiros, como essas dívidas são compradas, você recebe imediatamente o valor delas — ainda que haja um pequeno desconto — garantindo que essa quantia entre no caixa do seu negócio.
Mas além da garantia de recebimento, visto que esses valores serão pagos pelos investidores e não pelos devedores, essa prática gera outras vantagens. Entre as que mais se destacam estão:
- dispensa a necessidade de tomar medidas de cobrança junto aos clientes inadimplentes, considerando que essa ação passa a ser de responsabilidade do investidor;
- evita que a própria empresa entre em dívidas provenientes da obtenção de empréstimos bancários;
- antecipa o recebimento de valores, o que ajuda a manter a saúde financeira do negócio e a promover uma boa gestão.
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Quais são os riscos e as desvantagens da securitização de recebíveis?
Em linhas gerais essa estratégia tem poucos riscos, especialmente se for realizada por intermédio de uma securitizadora de confiança e com experiência nesse mercado.
Isso acontece porque, ao vender os seus direitos creditórios, o comum é o investidor pagar a quantia relacionada imediatamente. A partir desse momento, ele passa a ser o detentor da dívida e a pessoa que deve tomar as medidas necessárias para recebê-la.
Ou seja, a sua empresa já estará em posse do valor daqueles débitos, ainda que eles não tenham sido pagos efetivamente pelos devedores.
No que se refere às desvantagens, pode ser o recebimento de uma quantia menor que o valor original da dívida, percentual esse que também entra como margem de lucro do investidor.
Também é preciso considerar as taxas cobradas pela securitizadora para intermediar as operações.
Por fim, essa prática pode afetar a análise de crédito da companhia e comprometer a aprovação futura de empréstimos em bancos e financeiras.
Existem outras formas de levantar recursos financeiros?
A securitização de recebíveis está em plena expansão, abrangendo cada dia mais títulos, tais como hipotecas, leasing, empréstimos feitos por franqueados, entre vários outros.
E como você pôde ver, essa é uma boa maneira de levantar recursos financeiros por meio da venda de direitos creditórios, por exemplo, ordens de cobranças emitidas contra os clientes que ainda não foram pagas por eles.
Mas se uma empresa não trabalha com esse tipo de título, existe outra forma de obter valores provenientes de negociações já concluídas, mas que ainda não foram liquidados. No caso, estamos falando da antecipação de recebíveis.
A antecipação de recebíveis consiste em receber antes do prazo valores de vendas feitas via cartão de crédito, boleto bancário, ou outra forma de pagamento com data de vencimento futura.
Ou seja, são pagamentos já garantidos para a companhia, mas que somente não chegaram no dia de recebimento.
De maneira resumida, trata-se de uma modalidade de crédito solicitada à adquirente ou subadquirente utilizada pela empresa, a qual adiantará os valores que seriam recebidos futuramente em troca do pagamento de taxa por essa antecipação.
Uma das vantagens desse processo é que o negócio estará antecipando quantias que já são deles por direito. E, ao contrário dos empréstimos bancários tradicionais, os juros tendem a ser menores e as etapas de solicitação dos valores menos burocráticas.
Quer saber, em detalhes, como isso pode ser feito? Então confira agora mesmo os artigos:
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